– A identidade –
Alguns metros quadrados de espaço, umas quantas máquinas, umas quantas ferramentas, umas quantas peles, uns quantos papéis, muita vontade e muita dedicação.
Uma força geracional e um enorme encanto por livros. Cinco sentidos muito apurados e muita atenção, porque estamos a falar de algo precioso, um legado que foi passado pelo meu avô, segredos e técnicas e sobretudo muita paciência e devoção.
Esta é a fórmula para um projeto muito emocional, pessoal e familiar, a Arte no Livro.
– A génese –
Um dia perguntei ao meu pai se achava que o avô também me deixaria aprender o ofício.
O meu avô anuiu e tudo começou.
Isto foi há alguns anos. Comecei com o básico e tive de ir repetindo o básico durante muito tempo, foi preciso muita paciência, mas com o tempo fui aprendendo mais e mais até conseguir encadernar o meu primeiro livro.
Os livros da Ana Teresa Pereira eram, na altura, bíblias para mim e uma leitura constante e muito absorvente e por isso mesmo fazia sentido que fosse um destes livros o meu trabalho.
Hoje em dia já fiz diversas encadernações e orgulho-me de ser uma pessoa que tem conhecimentos numa área artística que é pouco explorada em Portugal.
O meu avô faleceu em 2010 e não fazia sentido esquecermos tudo o que tínhamos aprendido e deixarmos desaparecer o que o meu avô tinha criado.
Eu e o meu pai decidimos dar continuidade ao trabalho, mostrando que somos fiéis seguidores do Mestre Victor Santos.
No espaço que encontrámos em Cascais conseguimos conviver com o interior e o exterior dos livros, combinando a nossa oficina com uma livraria lindíssima com livros espantosos. Ligamos conceitos literários como o romance, a poesia, a ilustração, a dança, a fotografia, a arte, o cinema e permitimos-mos celebrar os livros rodeados de excelentes obras.